Atividade promovida no I workshop de Indicação Geográfica da Bahia, parceria de diversas áreas na proteção da propriedade intelectual de produtos. |
O biólogo deve ser generalista, afinal biologia é o estudo da vida e é o que regem as DCN's para os cursos de Ciências Biológicas, as Resoluções CNE/CP 2/2002; CNE/CES 7/2002 e Parecer CNE/CES 1301/2001, dentre outras. Mas de que forma adequar o currículo à regionalidade onde está inserido o curso sem ferir as exigências? Isso é um pensamento que perpassa por diversos autores e pode interferir com o dia-a-dia da atividade do docente.
De acordo com Alves et al. (2004) há o problema da vontade em produzir ciência enquadrada em pólos extremistas. Há necessidade de formação de um profissional generalista mas ao mesmo tempo de um especialista, contudo na realidade o que o mercado quer? Devem ser focadas as necessidades do mercado onde aquele curso está inserido, pois que adianta formar um profissional capaz, mas que não encontra ofertas de emprego na região? Ele será obrigado a ir em busca de outros locais e movimentar a economia de fora, de quem não investiu para capacitá-lo.
Há a necessidade de formar um profissional generalista, mas aprofundado em determinadas especialidades e com capacidade de dialogar com outros de diferentes áreas. A interdisciplinariedade aprofunda com sentido de abrangência, para dar conta, ao mesmo tempo, da particularidade e da complexidade do real (Demo, 1998).
Não existe curso ideal, mas cursos que melhor se adequem às realidades locais e que perpassem por conceitos de interdisciplinariedade, para que formem profissionais capazes de discernir a pesquisa ou o trabalho que desenvolvem e mostrem a necessidade de atividades com outros profissionais. Principalmente quando falamos de pesquisa com populações humanas ou que tragam melhoria da qualidade de vida humana, o objetivo principal do trabalho deve ser o retorno da conclusão para a população.
Como dizem Jantsch e Bianchetti (1997): o genérico e o específico não são excludentes. Mas uma coisa importante é que ainda para muitas pessoas a ciência feita na academia é para a acadêmicos, os resultados publicados em revistas científicas ainda não são amplamente divulgados para a população. Muitos desses resultados têm interesses sociais e o profissional a ser formado deve estar ciente do seu papel junto à coletividade, fato este que nos remonta às DCN's para as Ciências Biológicas. A academia, tanto quanto os centros de pesquisa públicos ou privados, devem ter uma linguagem acessível e a importância de uma equipe multidisciplinar capaz de retornar seus resultados à população se torna obrigatória.
Enfim, a literatura é vasta sobre esse assunto, existem autores que se opõem a esse ponto de vista, mas como diz Siepierski (1998), a característica principal da interdisciplinariedade é o conflito e não a harmonia. De preferência que seja um conflito baseado no diálogo, onde os pontos opostos defendem suas qualidades, suas perspectivas e se chega a um consenso, sem anular as diferenças.
Referências:
ALVES, Railda F.; BRASILEIRO, Maria do Carmo E.; BRITO, Suerde M. de O.. Interdisciplinaridade: um conceito em construção. Episteme, Porto Alegre, n. 19, p. 139-148, jul./dez. 2004.
DEMO, P. Conhecimento moderno: sobre ética e intervenção do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1998.
JANTSCH, A. P. & BIANCHETTI, L. Imanência, História e Interdisciplinaridade. In: JANTSCH, A. P.; BIANCHETTI, L. (Org.). Interdisciplinaridade. Para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1997.
SIEPIERSKI, P. Interdisciplinaridade e cientificidade. In: Simpósio Interdisciplinaridade em Questão - Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba. Anais, 1998.
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