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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mais um texto sobre o ensino superior.

Mais um texto, dentre as minhas leituras, que saõ bem interessantes para incrementar as discussões a cerca do ensino superior no Brasil.

O ensino superior


O Ensino superior no mundo inteiro passou, nos últimos anos, a fazer parte do rol de temas encarados como prioritários e estratégicos para o futuro das nações.

Generaliza-se a convicção de que o desenvolvimento requer, cada vez mais, uma decisiva ampliação dos níveis de escolaridade da população. Para as nações que já souberam incorporar as crianças e jovens ao ensino fundamental e médio, tratar-se-ia de enfrentar o desafio da universalização do acesso ao ensino superior. Estima-se que esta abertura exige, por sua vez, uma ruptura com os padrões e modelos rígidos e em muitos casos indiferenciados de ensino superior ainda prevalecentes em muitos países. A educação superior, neste processo de transformações, não poderia se furtar ao aproveitamento das novas tecnologias de informação e comunicação.

As necessidades do desenvolvimento e com elas o novo perfil da demanda cobram flexibilidade e agilidade, apresentação de alternativas de formação ajustadas às expectativas de rápida inserção num sistema produtivo em constante mudança. O novo mercado de trabalho, que se engendra neste processo de transformações econômicas, mostra-se cada vez mais exigente no tocante ao domínio de conhecimentos, capacidade de aplicá-los criativamente na solução de problemas concretos, espírito de liderança e polivalência funcional, bem como adaptabilidade à mudança tecnológica.

De outra parte, a produção de conhecimento e a necessidade de se contar com quadros sempre maiores de pesquisadores e técnicos altamente capacitados para a pesquisa científica e tecnológica não perdem importância, multiplicando demandas ao sistema de ensino superior e tomando mais complexas suas relações com o estado, os setores produtivos e a sociedade em geral.

O impacto das novas pressões sobre o ensino superior é sentido e será equacionado de modo muito diferente pelos países, em virtude da história de seus sistemas de ensino, da sua organização e da maior ou menor capacidade política de se proceder a mobilização dos recursos necessários e a implantação de políticas pertinentes. A disposição para investimentos públicos e privados duradouros e convergentes com os objetivos que se pretende alcançar são imprescindíveis neste contexto.

O Brasil se insere, neste quadro, de modo muito peculiar. De um lado, começa a experimentar com intensidade os efeitos das grandes transformações em curso e não pode se esquivar das mesmas questões que preocupam as nações mais desenvolvidas. De outro, carrega o ônus de possuir um sistema de ensino superior (e de resto de educação em geral), que acumula precariedades dramáticas. Nosso sistema, em boa medida, mais pode ser caracterizado pelo que não ocorreu ou pelo que deu errado, do que pela existência de identidade definida e própria (com exceção da pós-graduação stricto sensu).

Construir um novo modelo supõe lidar cumulativamente com velhos problemas e novos desafios. Problemas estruturais estão a cobrar soluções prévias em paralelo ao encaminhamento positivo das novas urgências.

Vista no horizonte de médio prazo do sistema de ensino superior, a sociedade brasileira demanda cumulativa e simultaneamente:

a) O aumento da oferta de vagas que amplie o acesso ao sistema.

b) A ampliação das alternativas de organização e definição de missões institucionais, bem como, da oferta de cursos e carreiras, que estejam sintonizadas com as demandas substantivas dos estudantes e com a definição de projetos pedagógicos compatíveis com os desafios da modernidade.

c) A elevação significativa nos padrões de qualidade do ensino reconhecendo-se as peculiaridades das missões e dos projetos institucionais.

d) Adequada estrutura de financiamento do sistema, capaz de conciliar as exigências de um ensino de ótimo nível com os orçamentos públicos e com a renda familiar da população. Adiante, pretende-se qualificar e inventariar os diferentes aspectos e dimensões atinentes a este complexo de desafios. Ao se fazer isto, pretende-se explicitar o que parece ser inevitável em termos de mudança nas políticas para o ensino superior.

*Abílio Afonso Baeta Neves é secretário de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto.

Fonte
NEVES, Abílio Afonso Baeta. O ensino superior. [S.l.: s.n].

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