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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O papel do professor, Piaget e a teoria construtivista.

O que penso em criar com este blog, além de toda discussão voltada para área da botânica é também, de tempos em tempos, focar uma discussão acerca do papel do professor, da universidade e o processo ensino-aprendizagem, principalmente o que é hoje vivenciado nas instituições públicas.
Ultimamente tenho lido muitos textos a respeito do assunto e não penso em mudar a abordagem nem do título do blog, mas como o papel do cidadão, que desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão dentro da universidade, mesmo sendo voltada à aplicação da botânica, inevitavelmente tenho que perpassar por esses assuntos e até criar uma pequena discussão online (o que seria ideal).
Hoje li um texto que fala de uma reportagem do dr Marco Silva, para o Correio da Bahia, texto este escrito pela Monica celestino e que aborda aspectos interessantes. Fala também da publicação de um livro: Sala de aula interativa, que já aguçou minha curiosidade para folear suas páginas e entender suas entrelinhas.
Pra quem quiser saber mais a respeito, segue o texto:


Pingue-Pongue – O professor deve ser aquele que instiga

Não é preciso contar com engenhocas tecnológicas em sala de aula para formar cidadãos do novo milênio. Até debaixo de uma árvore, sem quadro negro ou carteiras, o professor troca a transmissão de informações pelo papel de provocador no processo de construção de conhecimento pelo alunado. Não é uma proposta mágica, mas tem dado certo, conforme Marco Silva, sociólogo e doutor em educação pela Universidade de São Paulo entrevistado pelo Correio da Bahia. Autor do livro Sala de aula interativa (Rio de Janeiro: Editora Quartet), com segunda edição lançada no mês passado em Salvador, o professor diz que não basta universalizar o acesso à escola para solucionar o problema da educação no país, critica a progressão continuada e avaliações como o vestibular e diz que o professorado não está preparado para esta nova escola. Leia a seguir o resultado de duas horas de bate-papo.

Correio da Bahia - O senhor acaba de lançar a segunda edição do livro Sala de aula interativa, em Salvador. O que o senhor chama de sala interativa?

Marco Silva - É aquela que foge ao modelo que, segundo Pierre Lévy - o filósofo da internet -, funciona há cinco mil anos centrado no mesmo paradigma da transmissão no falar, no ditar do mestre. Mesmo com televisor ou computador, o professor adota sempre o paradigma da transmissão. A sala de aula que proponho é aquela onde o professor, o aluno, as tecnologias, os conteúdos estarão todos em movimento interativo. Nela, não existe mais a transmissão fechada, de conteúdo fechado, de livro didático fechado. Convoca-se o aluno para criar conhecimento.

CB - Então, a proposta do senhor utiliza o pilar do famoso construtivismo - a construção do conhecimento pelo aluno?

MS - A sala de aula interativa vai além disso porque, enquanto o construtivismo não investe numa teoria da comunicação, a interatividade proposta por mim é necessariamente teoria da comunicação. O construtivismo propõe um salto de qualidade, mas peca porque não tem investimento em comunicação. Venho trazer esse investimento.

CB - Qual o papel do professor neste cenário?

MS - Ele é o provocador, arquiteto de percurso, proponente de uma idéia ou provocação. O professor deve ser aquele que instiga à comunicação e ao conhecimento, deve ser diferente daquele que a gente conhece como vítima dele (que transmite informações, reproduz o discurso dos livros). O aluno de uma sala de aula interativa lança mão das informações disponibilizadas para criar o próprio conhecimento.

CB - A gente ainda não tem um aluno formado por este novo modelo. Qual será a vantagem do estudante submetido a esta proposta interativa, em relação aos demais?

MS - Desde o século XVIII, se diz que a escola é local privilegiado para formar cidadão. No entanto, neste antigo modelo, a transmissão já pressupõe o estudante passivo. Há uma contradição enorme. Como eu vou formar um sujeito ativo, comunicativo, participativo, que fala e se posiciona, se ele é um aluno travado numa carteira e com um professor que tem a fala e distribui a informação? A sala de aula interativa é como um site. A sala de aula tradicional e a TV utilizam o mesmo paradigma de transmissão de informação para a massa. A TV é um espaço de transmissão, enquanto o site permite adentramento e manipulação, pressupõe um sujeito ativo. A perspectiva da interatividade está muito mais próximo da formação do cidadão, do sujeito ativo, capaz de falar.

CB - Todos os conteúdos podem ser trabalhados nesta nova perspectiva?

MS - Sem exceção. Já há professores em Salvador que ensinam matemática e não ficam simplesmente ditando fórmulas. Eles provocam os alunos a exercitar a produção de fórmulas, a chegar ao conceito com atividades práticas. Colocam a situação e o aluno sai da cadeira dele como se a sala fosse uma oficina de trabalho.

[...]

CB - O estudante está preparado para este novo modelo?

MS - As novas gerações já vêm se acostumando com videogame e controle remoto há algum tempo. Chega o momento em que elas se deparam com o mouse, numa progressão onde o sujeito se torna cada vez mais operativo. Com o mouse, pode-se adentrar à tela. Isso tudo gera a necessidade de uma sala de aula que possa contemplar esse sujeito ativo ou interativo. A interatividade já convoca a articulação emissão-recepção na construção do conhecimento e da própria comunicação.

[...]

Fonte
CELESTINO, Mônica. Pingue-Pongue: o professor deve ser aquele que instiga. [S.l.: s.n.].

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